Passando por aqui pra deixar registros depois de um tempo de silencio...
Tenho sido pouco criativa, a inspiração tem me estado longe e me tira a inclinação pra escrever. O silêncio tem me sido mais doce do que as palavras.
Talvez porque a vida já esteja preenchendo e feito tanto barulho dentro da minha mente, ou será coração, ou será... não sei por onde ela tem transbordado, mas ela se encontra aqui circulando e indicando que é preciso pulsar, ah sim é preciso pulsar!
A vida toma conta da gente com as pequenas, pequeninas bobagens diárias (e não é porque são boabagens que não muitas delas não são necessária. Não vou definir o que tomo por bobagem, porque seria outro texto)... é preciso acordar, limpar, se vestir, ficar bacana, falar bem, produzir (sempre produzir), entrar no ritmo, atender o fone, avisar que vai chegar, avisar que vai faltar, dar feedback, receber feedback, ver o último filme, saber discutir sobre o último livro, saber filosofia, sociologia, psicologia e todas as ias..ler mil vezes o contrato, se assegurar que está fazendo a coisa certa, diminuir as chances de erros, ser político,ser coerente, tratar bem, ser gentil, mas ser firme (ah não esqueça de se posicionar)... É preciso atender o chamado, é preciso ter amigos, ter alguém, se relacionar, quem sabe ter filhos, a família bacana.
É preciso, é preciso tanta coisas que por horas, quando me sinto a ponto de vestir a fantasia do Chapeleiro Maluco da historia da Alice no País das Maravilhas (filme pelo qual me encanto desde sempre), que repetidamente vai saindo e repetindo "Tenho pressa, tenho pressa", sei que minha necessidade e minha saída é o silêncio...
Não que eu não tenha prazer na vida que pulsa, nos amigos que tenho, na gargalhada com o vinho da noite anterior, no abraço apertado, na mensagem doce que chega, na família que briga, ri e chora junto... na expectativa do elogio do cara bacana...Não que eu não tenha prazer na filosofia e na psicologia, na obra esteticamente perfeita e acabada, na música que enche a casa de vida. Ah sim, em mim ha um pulsar desses bem bons, mas por vezes, no acelerado do tempo do Sinal fechado, ele pulsa mais do que gostaria e acelera o tempo... tempo que na verdade não existe...
E novamente é preciso decidir, mas decidir o que fazer nunca foi minha melhor habilidade. E há um mundo que me solicita isso todos os dias,há um imperativo forte e que ecoa todo o tempo: é preciso decidir! Decida! se posicione! faça! vá! questione!
Ah como eu tenho tido profunda admiração pelo silêncio, aquele que não é, que não tem, que não se vê, que não se descreve, mas que se pode ouvir porque é repleto de significados. A alegria também aí existe!
Esse texto, ainda um tanto atrapalhado é pra desejar uma semana com espaços pra esse povo que torna meus dias silenciosamente melhores...
Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.
Mario Quintana
domingo, 25 de agosto de 2013
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Do meu lugar...
Escrevi esse texto para a disciplina de Psicologia e Estudos de Gênero (lindamente ministrada por Juracy Toneli). Não consegui finalizar referência e o trabalho me engoliu de tal forma, que só meses depois toco nele novamente acrescento um novo parágrafo e resolvo pública-lo aqui, pra o que o meu lugar não se perca...
Do meu lugar
Reflexões sobre a disciplina Psicologia e Estudos de Gênero
Eu sei como pisar
No coração de uma mulher
Já fui mulher eu sei
Demorei pra escrever a primeira palavra desse texto. A vida anda bastante corrida e minha mente parece ter dificuldade de organizar todas as ideias e raciocínios que passam por ela. De fato, não sei o que escrever diante da quantidade de informações que tenho na minha cabeça nesse momento. Isso se mistura a um grande cansaço do trabalho e a sensação de que o meu texto tem que ser bom. Pronto, entramos na temática.
Penso na norma, e ela quase me impede de escrever. A última vez que escrevi um trabalho acadêmico foi na pós em Saúde Publica, seis anos atrás. Agora me deparo com a necessidade de escrever sobre o que foi a aula que frequentei neste último semestre e articular um pouco do que aprendi e me marcou e tenho receio de escrever um texto vazio, provavelmente porque assimilei que há uma regra, uma forma certa de se fazer e pelo qual serei avaliada.
Embora não tenha certeza do que pode sair daqui, embora esteja claro que ainda escrevo sob a lanterna da lógica binária (há um texto certo, e portanto um texto errado a se escrever), tenho alguma certeza sobre o que deve me guiar ao relatar e depor o que foram as aulas de Psicologia e Estudos de Gênero, o lugar de onde falo. Sei que preciso falar a partir de um lugar.
Falo aqui do lugar de Psicóloga, pesquisadora, brasileira, manésinha da ilha, biomulher, se é que precisamos de um nome. Rotular me incomoda porque falo também do lugar de quem assimila com sentido a exposição de Buttler quando afirma que os gêneros são instituídos numa matriz de poder (compulsoriamente heterossexual, branca e falocêntrica), então ficam excluídos, a rigor, os seres abjetos, “aqueles que não são ainda “sujeitos”, mas que formam o exterior constitutivo do domínio do sujeito” (Butler, 1993:3).
Poder, certamente este foi e é a palavra que martela na minha cabeça todo o tempo. Nos constituímos através do poder, nos relacionamos tendo como pano de fundo o domínio e acordamos, falamos, agimos e tomamos decisões mergulhados em relações de poder. Isso assusta, me interpela e me inquieta todo o tempo. Não raro, indaguei em aula e no cotidiano como seria possível achar uma saída. Como seria possível que um sujeito não se subjetivasse através de relações que preservam quem domina e quem é dominado.
Como seria possível olhar para a categoria gênero fora desse lugar? Como seria possível parar de pensar que gênero não carrega o peso dos papéis dados ao sujeito que tem falo e ao sujeito que não tem. As qualidades concretas e que foram naturalizadas como inerentes a quem tem pênis e a quem tem vagina são ninhos das qualidades abstratas dos gêneros: “homens são dinâmicos, corajosos, práticos”, “mulheres são sensíveis, compenetradas, cuidadoras”. De que forma sair da logica heterocêntrica (Butler) que estabelece quem é sujeito e quem não é. Que exige que para que se seja respeitado e para que haja dignidade é preciso definir, marcar, rotular, carimbar e explicar de que forma alguém lida com seu corpo e porque deseja o que deseja?
Sob outra ótica, me pergunto se não tenho sido hipócrita e arrogante tentando achar uma saída. Será que a saída é achar uma solução? Será que já não crio aqui uma nova norma? O que de fato me incomoda? O meu lugar de negra e mulher que historicamente se sujeita, já que se sujeitar neste caso pareceu a única forma de existir? Ou falo da experiência da coordenadora de projetos, classe média, educada em colégio particular e com muito mais do que todas as necessidades básicas atendidas. Alguém que, sem dúvida, já oprimiu de alguma forma e já categorizou, definiu e julgou atitudes, modos de vida e desejos. Quem sabe minha grande questão aqui seja a citada por Peixoto (2004): A questão que então se coloca é a de saber o que exatamente se deseja com a submissão.
“Seria preciso delimitar melhor como uma sobrevivência insubmissa seria possível e se os termos pelos quais ela obtém sua garantia são precisamente os que demandam e instituem a submissão. Nessas condições, a sujeição seria o efeito paradoxal de um regime de poder no qual as próprias condições de existência, a possibilidade mesma de continuar a ser socialmente reconhecido, requerem a formação e a manutenção da subjetividade sob a condição de subordinação”(Peixoto)
Certamente as aulas foram um desafio, sem dúvida me colocaram a prova. Sei que estou menos tolerante com formas de discriminação e preconceito, sei que me calo um pouco menos diante das misérias humanas cotidianas.
Estou em campo de pesquisa. Estamos pesquisando a relação das famílias brasileiras com seus animais. Fazem dois dias entrevistei um senhor que não sai da minha cabeça. Penso nele ao acordar e dormir e me invade certa tristeza. Ele e sua cachorra. Apenas ele e ela. Ele sozinho, abandonando-se dentro de casa, esperando que aquele bichinho dê a ele todo afeto que ele necessita, sem devir, capturado pela impropriedade do mundo, completamente decaído e sem projeto de ser. O problema não é fazer do cão seu eterno companheiro, para mim a questão é que algo muito importante alí se perdeu, é um desabrigado na propria casa. A vida, as relações de poder, as injustiças, o capitalismo louco, a violência, a desigualdade social localizam esse homem em um lugar distante do que pode ser considerado dignidade e nesse momento eu me sinto menor e não paro agora de me questionar qual é o meu lugar?
Do meu lugar
Reflexões sobre a disciplina Psicologia e Estudos de Gênero
Eu sei como pisar
No coração de uma mulher
Já fui mulher eu sei
Demorei pra escrever a primeira palavra desse texto. A vida anda bastante corrida e minha mente parece ter dificuldade de organizar todas as ideias e raciocínios que passam por ela. De fato, não sei o que escrever diante da quantidade de informações que tenho na minha cabeça nesse momento. Isso se mistura a um grande cansaço do trabalho e a sensação de que o meu texto tem que ser bom. Pronto, entramos na temática.
Penso na norma, e ela quase me impede de escrever. A última vez que escrevi um trabalho acadêmico foi na pós em Saúde Publica, seis anos atrás. Agora me deparo com a necessidade de escrever sobre o que foi a aula que frequentei neste último semestre e articular um pouco do que aprendi e me marcou e tenho receio de escrever um texto vazio, provavelmente porque assimilei que há uma regra, uma forma certa de se fazer e pelo qual serei avaliada.
Embora não tenha certeza do que pode sair daqui, embora esteja claro que ainda escrevo sob a lanterna da lógica binária (há um texto certo, e portanto um texto errado a se escrever), tenho alguma certeza sobre o que deve me guiar ao relatar e depor o que foram as aulas de Psicologia e Estudos de Gênero, o lugar de onde falo. Sei que preciso falar a partir de um lugar.
Falo aqui do lugar de Psicóloga, pesquisadora, brasileira, manésinha da ilha, biomulher, se é que precisamos de um nome. Rotular me incomoda porque falo também do lugar de quem assimila com sentido a exposição de Buttler quando afirma que os gêneros são instituídos numa matriz de poder (compulsoriamente heterossexual, branca e falocêntrica), então ficam excluídos, a rigor, os seres abjetos, “aqueles que não são ainda “sujeitos”, mas que formam o exterior constitutivo do domínio do sujeito” (Butler, 1993:3).
Poder, certamente este foi e é a palavra que martela na minha cabeça todo o tempo. Nos constituímos através do poder, nos relacionamos tendo como pano de fundo o domínio e acordamos, falamos, agimos e tomamos decisões mergulhados em relações de poder. Isso assusta, me interpela e me inquieta todo o tempo. Não raro, indaguei em aula e no cotidiano como seria possível achar uma saída. Como seria possível que um sujeito não se subjetivasse através de relações que preservam quem domina e quem é dominado.
Como seria possível olhar para a categoria gênero fora desse lugar? Como seria possível parar de pensar que gênero não carrega o peso dos papéis dados ao sujeito que tem falo e ao sujeito que não tem. As qualidades concretas e que foram naturalizadas como inerentes a quem tem pênis e a quem tem vagina são ninhos das qualidades abstratas dos gêneros: “homens são dinâmicos, corajosos, práticos”, “mulheres são sensíveis, compenetradas, cuidadoras”. De que forma sair da logica heterocêntrica (Butler) que estabelece quem é sujeito e quem não é. Que exige que para que se seja respeitado e para que haja dignidade é preciso definir, marcar, rotular, carimbar e explicar de que forma alguém lida com seu corpo e porque deseja o que deseja?
Sob outra ótica, me pergunto se não tenho sido hipócrita e arrogante tentando achar uma saída. Será que a saída é achar uma solução? Será que já não crio aqui uma nova norma? O que de fato me incomoda? O meu lugar de negra e mulher que historicamente se sujeita, já que se sujeitar neste caso pareceu a única forma de existir? Ou falo da experiência da coordenadora de projetos, classe média, educada em colégio particular e com muito mais do que todas as necessidades básicas atendidas. Alguém que, sem dúvida, já oprimiu de alguma forma e já categorizou, definiu e julgou atitudes, modos de vida e desejos. Quem sabe minha grande questão aqui seja a citada por Peixoto (2004): A questão que então se coloca é a de saber o que exatamente se deseja com a submissão.
“Seria preciso delimitar melhor como uma sobrevivência insubmissa seria possível e se os termos pelos quais ela obtém sua garantia são precisamente os que demandam e instituem a submissão. Nessas condições, a sujeição seria o efeito paradoxal de um regime de poder no qual as próprias condições de existência, a possibilidade mesma de continuar a ser socialmente reconhecido, requerem a formação e a manutenção da subjetividade sob a condição de subordinação”(Peixoto)
Certamente as aulas foram um desafio, sem dúvida me colocaram a prova. Sei que estou menos tolerante com formas de discriminação e preconceito, sei que me calo um pouco menos diante das misérias humanas cotidianas.
Estou em campo de pesquisa. Estamos pesquisando a relação das famílias brasileiras com seus animais. Fazem dois dias entrevistei um senhor que não sai da minha cabeça. Penso nele ao acordar e dormir e me invade certa tristeza. Ele e sua cachorra. Apenas ele e ela. Ele sozinho, abandonando-se dentro de casa, esperando que aquele bichinho dê a ele todo afeto que ele necessita, sem devir, capturado pela impropriedade do mundo, completamente decaído e sem projeto de ser. O problema não é fazer do cão seu eterno companheiro, para mim a questão é que algo muito importante alí se perdeu, é um desabrigado na propria casa. A vida, as relações de poder, as injustiças, o capitalismo louco, a violência, a desigualdade social localizam esse homem em um lugar distante do que pode ser considerado dignidade e nesse momento eu me sinto menor e não paro agora de me questionar qual é o meu lugar?
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
On the other side of the ocean. At the Cape of Good Hope...
Ah se a gente soubesse quantas surpresas o mundo nos planeja, se tivéssemos consciência das belezas que nos esperam, if we were able to realize the happy moments specially prepared for us e se não deixássemos que isso nos fugisse nem por um instante, não questionaríamos o sentido, a verdade, o vínculo...
Mas a vida é feita de tantas outras coisas, de tantos outros momentos que não beleza, que não encontro, que não boas esperanças, que inevitavelmente e humanamente colocamos, mergulhados num caldeirão de expectativas, o que nos é mais caro sob inquisição.
Aqui do outro lado, onde o Oceano Atlântico encontra o Oceano Indico, onde a vida e a dignidade foram colocados a prova tantas vezes em função da cor de pele. Por aqui, onde crianças, adultos e velhos dançam para celebrar tudo, e movimentar o corpo ao som dos batuques dos tambores é tão natural quanto respirar, aqui sim pode-se falar de esperança.
Nem tudo é bonito, as cicatrizes geradas pela segregação racial deixaram marcas imensas, e está claro, é algo pra não ser esquecido em hipótese alguma. Mas a fala alta e cantada, o bater de palmas e o sorriso no rosto trazem a tona o fato de que a capacidade de recomeçar e vislumbrar horizontes é uma virtude humana anterior ainda aos tempos em que um certo navegador Bartolomeu Dias passou por aqui, contornou a costa Africana, dobrando o Cabo da Boa Esperança.
Todo dia que abro os olhos nesse país, nao sei o que me espera. Pode ser uma família inteira dançando SEmba ao redor da mesa para nos dar boas vindas, pode ser a tensão com receio da segurança ao andar sozinha depois das 18 horas, pode ser o som do estalo no céu da boca do dialeto Xhosa, um aluno de um novo país na classe, pode ser um Marinheiro que por alguns belos dias te leva para uma nova e linda viagem, pode ser o por do sol fascinante num fim de tarde de domingo ou quem sabe andar 4 horas pela costa de bicicleta e ficar sem palavras pra descrever toda a beleza. O que talvez eu tenha certeza é de que tenho grande parte de mim transformada em 3 semanas e que embora saudosa e as vezes insegura, e quase sempre confusa gosto do que tem sido descoberto em mim aqui do outro lado do Oceano.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
sábado, 15 de outubro de 2011
Era mais...
As coisas as vezes são tão incoerentes que se assemelham a sonhos ou delírios. Por vezes, a sensação é de que pode ser pior se a opção for acordar e encarar o que é real. Não faz muito tempo essa sensação em mim se fortaleceu... No entanto uma fresta de luz, indicando a saída, insiste em permanecer diante dos meus olhos.
Voltei de um workshop de Psicodrama achando que nada havia mexido ou me provocado mudanças. Achando que a emoção havia sido embotada e que o encontro não tinha sido capaz de me trazer personagens não atuados... questão de tempo pra perceber que o o encontro foi mais...
O workshop se chamou “Não estamos sós”.... E ai lembrei agora intensamente de quem está comigo independente do que for...
Algumas pessoas estão com você dependente de algo... e essa é uma escolha a qual não abafo com julgamentos... Mas quero dizer aqui, que lembrei das que estão por perto independentemente.
Voltei de uma viagem que fiz com uns amigos há uma semana atrás. Viagem cheia de importantes constatações. Uma delas, e a que mais me coloca em lugar de privilégio, foi a confirmação da amizade. Eu tenho amigos porretas. E falo dos que foram comigo e dos que ficaram por aqui (e alguns do outro lado do mundo). Talvez viagens me chamem pra esse depoimento porque elas proporcionam a obrigatória excessiva convivência e, portanto, fortificam ou enfraquecem laços.
Meus amigos são aqueles, que da forma mais piegas possível, silenciam ao meu lado, se “fodem” comigo, estão comigo até o fim, ainda que estejam irritados, ainda que estejam doentes e doloridos. Não se faz necessário agradar, se agradar não estiver em pauta.
Não ser bacana e alto astral o tempo todo, tem seus problemas (eu já falei disso aqui nesse blog). Você arduamente e dolorosamente desvenda quem quer caminhar com você ou não quer. Mas só quando se pode ser o que se é, só quando se encarna a vida (como diz minha amiga de blog Livia), só assim é possível erguer a cabeça e seguir de forma mais ou menos torta.
Na experiência perceptiva de que os acontecimentos são mais do que aparentam ser, essa semana uma dor me pegou. Dna Augusta se foi . Eu nunca fui o tipo de neta que freqüentou a casa da vó. Por algum motivo (que lá no fundo eu sei) meu pai não me implantou esse hábito. Por algum motivo eu não o criei depois que ele se foi. Hoje já não tenho mais tempo de confirmar com ele porque me negou visitas tantas vezes a minha vó, mas sei que isso não tinha nada a ver com o grande amor que ele sentia por ela. E assim, apesar de vê-la com pouca freqüência o amor que reservei a ela era o suficiente pra saber que a tinha e me sentir orgulhosa do fato. E não achando que era tarde, eu me dei conta que Dna Augusta era mais, que minha dor por perde-la era mais, meu amor por ela era mais e minha ligação com a historia dessa família também.
Quem me ajudou a olhar pra isso foram meus amigos, que constatei nesses últimos tempos que são mais... Isso que se chama vida cotidiana é mais do que a dor que sinto no peito todas as vezes que não sou amada, querida ou satisfeita.
A vida é o abraço que recebi hoje no fim do dia no workshop como forma de agradecimento. É a constatação de que Dna Ausgusta está dentro de mim pra sempre. É saber que mesmo achando por diversas, enúmeras e inusitadas vezes que tudo se foi e que o mundo te nega o olhar doce e acolhedor, de que mesmo assim, há quem esteja disposto a compartilhar amor e principalmente dor e quem até o fim te renova a certeza do dia seguinte...Mas sim, a vida essa de cada dia, também é a dolorosa constatação de que o corte de cena pode acontecer a qualquer momento e de que se frustrar também é caminho.
A todos que puderam, podem e poderão estar no meu caminho e seguir a jornada, a todos que se despedem comigo dos cegos do castelo, meu mais sincero agradecimento. São todos bem vindos...
"It's not about rihgt or wrong, but finds someone who believes in the same bullshit you do"
Voltei de um workshop de Psicodrama achando que nada havia mexido ou me provocado mudanças. Achando que a emoção havia sido embotada e que o encontro não tinha sido capaz de me trazer personagens não atuados... questão de tempo pra perceber que o o encontro foi mais...
O workshop se chamou “Não estamos sós”.... E ai lembrei agora intensamente de quem está comigo independente do que for...
Algumas pessoas estão com você dependente de algo... e essa é uma escolha a qual não abafo com julgamentos... Mas quero dizer aqui, que lembrei das que estão por perto independentemente.
Voltei de uma viagem que fiz com uns amigos há uma semana atrás. Viagem cheia de importantes constatações. Uma delas, e a que mais me coloca em lugar de privilégio, foi a confirmação da amizade. Eu tenho amigos porretas. E falo dos que foram comigo e dos que ficaram por aqui (e alguns do outro lado do mundo). Talvez viagens me chamem pra esse depoimento porque elas proporcionam a obrigatória excessiva convivência e, portanto, fortificam ou enfraquecem laços.
Meus amigos são aqueles, que da forma mais piegas possível, silenciam ao meu lado, se “fodem” comigo, estão comigo até o fim, ainda que estejam irritados, ainda que estejam doentes e doloridos. Não se faz necessário agradar, se agradar não estiver em pauta.
Não ser bacana e alto astral o tempo todo, tem seus problemas (eu já falei disso aqui nesse blog). Você arduamente e dolorosamente desvenda quem quer caminhar com você ou não quer. Mas só quando se pode ser o que se é, só quando se encarna a vida (como diz minha amiga de blog Livia), só assim é possível erguer a cabeça e seguir de forma mais ou menos torta.
Na experiência perceptiva de que os acontecimentos são mais do que aparentam ser, essa semana uma dor me pegou. Dna Augusta se foi . Eu nunca fui o tipo de neta que freqüentou a casa da vó. Por algum motivo (que lá no fundo eu sei) meu pai não me implantou esse hábito. Por algum motivo eu não o criei depois que ele se foi. Hoje já não tenho mais tempo de confirmar com ele porque me negou visitas tantas vezes a minha vó, mas sei que isso não tinha nada a ver com o grande amor que ele sentia por ela. E assim, apesar de vê-la com pouca freqüência o amor que reservei a ela era o suficiente pra saber que a tinha e me sentir orgulhosa do fato. E não achando que era tarde, eu me dei conta que Dna Augusta era mais, que minha dor por perde-la era mais, meu amor por ela era mais e minha ligação com a historia dessa família também.
Quem me ajudou a olhar pra isso foram meus amigos, que constatei nesses últimos tempos que são mais... Isso que se chama vida cotidiana é mais do que a dor que sinto no peito todas as vezes que não sou amada, querida ou satisfeita.
A vida é o abraço que recebi hoje no fim do dia no workshop como forma de agradecimento. É a constatação de que Dna Ausgusta está dentro de mim pra sempre. É saber que mesmo achando por diversas, enúmeras e inusitadas vezes que tudo se foi e que o mundo te nega o olhar doce e acolhedor, de que mesmo assim, há quem esteja disposto a compartilhar amor e principalmente dor e quem até o fim te renova a certeza do dia seguinte...Mas sim, a vida essa de cada dia, também é a dolorosa constatação de que o corte de cena pode acontecer a qualquer momento e de que se frustrar também é caminho.
A todos que puderam, podem e poderão estar no meu caminho e seguir a jornada, a todos que se despedem comigo dos cegos do castelo, meu mais sincero agradecimento. São todos bem vindos...
"It's not about rihgt or wrong, but finds someone who believes in the same bullshit you do"
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Frutas frescas
Eu me lembro dos cigarros acesos para mim
Do azedo dos tapas
Da sujeira dos becos
Mas eu gosto mesmo é das frutas frescas,
do orvalho que escorre
Lembro-me bem das noites em claro
da angústia de nunca saber
o seu nome de cor
Mas gosto mesmo é das frutas frescas
colhidas do pé para a boca que morde
Não me sai da cabeça
o amargo do não, o eterno
talvez, a loucura do se
a franqueza do sim
Mas eu gosto mesmo é das frutas frescas,
da doçura do sumo
Eu sei e não saio dos gritos
que ecoam
dos velhos tempos que voam
Mas eu gosto mesmo é das frutas frescas
que caem maduras
na lama do chão.
(BIA N)
Do azedo dos tapas
Da sujeira dos becos
Mas eu gosto mesmo é das frutas frescas,
do orvalho que escorre
Lembro-me bem das noites em claro
da angústia de nunca saber
o seu nome de cor
Mas gosto mesmo é das frutas frescas
colhidas do pé para a boca que morde
Não me sai da cabeça
o amargo do não, o eterno
talvez, a loucura do se
a franqueza do sim
Mas eu gosto mesmo é das frutas frescas,
da doçura do sumo
Eu sei e não saio dos gritos
que ecoam
dos velhos tempos que voam
Mas eu gosto mesmo é das frutas frescas
que caem maduras
na lama do chão.
(BIA N)
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