Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

Mario Quintana

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

On the other side of the ocean. At the Cape of Good Hope...


Ah se a gente soubesse quantas surpresas o mundo nos planeja, se tivéssemos consciência das belezas que nos esperam, if we were able to realize the happy moments specially prepared for us e se não deixássemos que isso nos fugisse nem por um instante, não questionaríamos o sentido, a verdade, o vínculo...

Mas a vida é feita de tantas outras coisas, de tantos outros momentos que não beleza, que não encontro, que não boas esperanças, que inevitavelmente e humanamente colocamos, mergulhados num caldeirão de expectativas, o que nos é mais caro sob inquisição.

Aqui do outro lado, onde o Oceano Atlântico encontra o Oceano Indico, onde a vida e a dignidade foram colocados a prova tantas vezes em função da cor de pele. Por aqui, onde crianças, adultos e velhos dançam para celebrar tudo, e movimentar o corpo ao som dos batuques dos tambores é tão natural quanto respirar, aqui sim pode-se falar de esperança.

Nem tudo é bonito, as cicatrizes geradas pela segregação racial deixaram marcas imensas, e está claro, é algo pra não ser esquecido em hipótese alguma. Mas a fala alta e cantada, o bater de palmas e o sorriso no rosto trazem a tona o fato de que a capacidade de recomeçar e vislumbrar horizontes é uma virtude humana anterior ainda aos tempos em que um certo navegador Bartolomeu Dias passou por aqui, contornou a costa Africana, dobrando o Cabo da Boa Esperança.

Todo dia que abro os olhos nesse país, nao sei o que me espera. Pode ser uma família inteira dançando SEmba ao redor da mesa para nos dar boas vindas, pode ser a tensão com receio da segurança ao andar sozinha depois das 18 horas, pode ser o som do estalo no céu da boca do dialeto Xhosa, um aluno de um novo país na classe, pode ser um Marinheiro que por alguns belos dias te leva para uma nova e linda viagem, pode ser o por do sol fascinante num fim de tarde de domingo ou quem sabe andar 4 horas pela costa de bicicleta e ficar sem palavras pra descrever toda a beleza. O que talvez eu tenha certeza é de que tenho grande parte de mim transformada em 3 semanas e que embora saudosa e as vezes insegura, e quase sempre confusa gosto do que tem sido descoberto em mim aqui do outro lado do Oceano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário