Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

Mario Quintana

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

mal humorsinho básico

descobri que mal humor é uma necessidade... meu corpo pede mal humor, eu sou um ser infeliz se nao tenho uma ou duas crises de mal humor durante a semana. O mal humor serve pra que eu, por algumas horas, período ou dia, tenha consicencia exata de que eu tenho insatisfaçoes importantissimas e que eu nao sou tao legal assim...  nao ser tao legal  me permite fazer coisas que ser tao legal (o que eu sou ou tento ser na maioria do tempo) não me permitiriam.. to curtindo meu mal humor, to até ficando feliz... sou um ser pra lá de verdadeiro quando to mal humorada!

Excesso de Culpa

Hoje eu encontrei um exemplo bem prático de como os brasileiros são enrolados. Eis que eu reiniciei o aparelho da Sky. Não foi intencional, é que houve uma tempestade (sem exageros) em Florianópolis ontem e eu, com medo que tudo pifasse por causa de um raio raivoso, tirei os aparelhos eletrônicos da tomada. Hoje, ao religar a TV e a Sky, me deparei com um drama. Enquanto um produto sei lá, inglês, ou pelo menos europeu, diria “Please wait, this may take a few minutes”, ou seja “por favor aguarde, isto pode levar alguns minutos”, a Sky resolveu avacalhar comigo e colocar pelo menos dez mensagens para me assegurar de que um dia, eventualmente, a imagem iria aparecer. Dane-se a Sky, entende? Não faz a menor diferença se a vai imagem aparecer em 10 segundos ou 10 minutos, o que eu não quero é achar que ela vai aparecer a cada trinta segundos que a tela muda para me dizer que “Por favor, aguarde”; “Configurando o satélite”; “Atualizando as informações”; “Aguarde mais alguns instantes”; “Configurando o sinal”; “A imagem aparecerá em breve”; “Ajustando configurações do receptor”… Hello? Eu não pedi um relatório, você não precisa me informar dos seus procedimentos padrões necessários para o religamento do aparelho. Eu não poderia estar menos interessada. A Sky sentiu que precisava me explicar que ela estava fazendo algo, como se fosse culpada de ter que atualizar o sistema, configurar o satélite e fazer sei lá o quê com o receptor. Eu não estava braba com a Sky por me fazer esperar, então ela não precisava ter me dado todas aquelas justificativas detalhadas como quem diz “desculpa, mas eu não vou poder jantar com você porque eu prometi ao meu irmão que iria cuidar do filho dele hoje à noite para que ele possa ir ao cinema com a esposa dele porque, sabe como é, né, depois que se tem filhos tudo fica um pouco complicado. Então não, não tem a ver com você, é só porque eu já tinha compromissos mesmo….” (bocejos). Falta um pouco de objetividade e falta não sentir culpa. Um “por favor, aguarde” já está bom. Sem detalhes, sem expectativas.

Por Melina Savi

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cinzas

Foi uma questão de meses. Em meses se repetiu, incessantemente, a frenética queima de fogos toda vez que estiveram juntos. Não havia pudores, papas na língua: em pouco tempo gastaram o que muitos levam vidas pra conseguir. E consumiram um ao outro vorazmente apesar do mundo. Eram amigos, desde aquela primeira troca galopante de palavras. Eram amigos ávidos, nervosos por revelações completas, por desnudar idéias e conceitos há muito escondidos. Ela raramente o fazia, mostrar-se assim tão prontamente. Ele prezava a experiência por si só, ignorando as consequências daquilo tudo. Foram ousados e pretensiosos demais, querendo com dois pares de braços abraçar toda existência. Mas tudo foi vivo por este período convulsivo, e brilhou barato por trás de camadas de pó e fumaça de cigarro ruim. E os dois desfrutaram daquela decadência nua como se não houvesse amanhã. Como se o lixo nas ruas fosse alguma coisa além de lixo. E durante algum tempo, a realidade não fazia cobranças. Por algum tempo foi-lhes permitido viver assim, sinceros. Os seus fantasmas e medos continuavam a existir, mas com eles se moldava tranquilamente estátuas feitas apenas para desmoronar. A insegurança era motivo de riso e indagações, uma desculpa pra ir mais fundo, pra machucar mais e ver o sangue poético escorrer. Equilibraram-se, bêbados da noite, em fios de telefone, nas bordas de camas alheias. E riram alto e desafiadores disso tudo, de todas as necessidades estúpidas de toda aquela gente amorfa. Gargalharam amargos, colocando-se de fora daquilo tudo, do oitudobemtudobemevocê, dos apertos de mão, dos abraços vazios. Riram e ergueram suas taças, brindando à caminhada cega das massas até o precipício. Eles caíram juntos, de olhos bem abertos. (d.mental)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

ousadias


ta rolando uma maratona teatral em Floripa... tudo de bom porque coisas acontecem né. Amo minha terra, minha ilha, mas as coisas são um pouco morosas aqui pra acontecer. Então...  em um surto de cultura tem 3 festivais acontecendo ao mesmo tempo, o que me enlouquece porque quero ir a tudo. Sim, a tudo. Não sei porque a gente não pode querer tudo... queria ir a tudo, meio pra ter crédito sabe; pra ficar tranquilinha  quando as coisas pararem de acontecer. Uma overdose de arte que é pra guentar até o próximo festival...
Nessa minha fissura por aproveitar, ontem fui a um espetáculo ótimo chamado In on It. Vale muito ir, não sei explicar o que é, do que se trata, é ousado... e abre várias possibilidades de historias, da uma confundida no raciocínio, causa expectativa, mas não trata de nada específico e é exatamente o título, In on It. Gostei!
Já hoje a minha ousadia foi sair das duas peças sem que  elas tivessem acabado. Sorry, eu sei que a arte é complexa e há lugares pra todos, mas foi demais. Eu tava com amigas que compartilhavam da mesma sensação de que pra tudo nessa vida se precisa de critério e ai infelizmente não deu pra permanecer até o fim.
 Ainda assim eu acho que vale a pena a ir a tudo que der, acho mesmo que tem que ir pra dar uma olhadinha que seja. Ver como as pessoas estão pensando as coisas, a vida, as formas de ser, de representar. Sair do mundo quadrado que a gente acha que não está, mas que a vida acaba levando a gente, o mundinho formatado, igual e semi-previsível. A segurança do cotidiano é boa, mas se impressionar é fundamental. E as surpresas e o inesperado podem servir como combustível pra nossos próprios atos.  Pra que possamos provocar supresas e atos impressionantes. Hoje, por exemplo, fiz pequenas coisas que em um estado morno não faria. São pequenas coisinhas, pequenas ações inesperadas, supresinhas... micro ousadias.. mini atrevimentos... foi bom.

domingo, 19 de setembro de 2010

Aniversario da Lu (18 de setembro de 2010). Lu é a amiga charmoserrima e palhaça de olhos fechados. Festa otema e as melhores mulheres do mundo. Eu tenho menos significado sem essas mulheres. Meninas voces sao geniais!

sábado, 18 de setembro de 2010

Querer que qualquer um seja sensível ao nosso
mundo íntimo é o mesmo que estar sentindo um zumbido
no ouvido e pensar que o nosso vizinho de ônibus o possa
escutar.
(Mário Quintana)

Tempo

Então... eu gosto de escrever e achei melhor confessar antes que o tempo faça com que a gente desista. Porque pra quem não sabe o tempo faz coisas com a gente. Por exemplo, faz com que a gente desista porque o tempo passou e não vale mais a pena, faz com que a gente  invista porque o tempo passou e o projeto continua bonito. Eu já havia pensado em fazer um blog só meu (por vezes achava um projeto bonito, por vezes achava que nao valeria a pena). Eu to feliz porque não desisti.
Neste exato momento estou decidindo ser o mais sincera que posso comigo mesma. Tão difícil ser sincera consigo mesma. Pra mim é uma maratona íntima, meu Deus, me leva uma energia insana. Mas ta, compromisso Bia, compromisso. Estar escrevendo isso já é meu primeiro passo de sinceridade comigo mesma, eu curto escrever. E eu também me preocupo com o que vão pensar do que eu escrevo (outro ato de sinceridade). Aliás, me preocupo com o que pensam de mim. Um pouco menos do que me preocupava ontem e um tanto menos do que eu me preocupava no ano passado e infinitivamente menos do que há 10 anos atrás, mas rola (viu? ato 3 de sinceridade). Aí, me dou conta que ser sincera comigo mesma implica em mostrar quem eu sou, então implica em ser sincera com as pessoas (preocupando-se cada vez menos com o que vão pensar e simplismente sendo). Querida pessoa que lê esse texto: o ato de ser sincera comigo mesma e, portanto, com você, já me fez apagar varias vezes palavras e frases escritas aqui porque me flagrei escrevendo pequenas coisas não honestas.
O problema de simplismente ser, é que nem todos te compreendem, então há de se ser sincera e despreendida  ( despreendimento daria outro texto).
Enfim, então sinceramente, o tempo tem me feito um pouco cansada de algumas coisas. E eu definiria minha lista de cansaços na seguinte ordem: 1, cansada de aeroporto, 2, cansada de aeroporto (é duas vezes mesmo, minha sinceridade pediu),  3,  cansada de pequenas expectativas desonestas, do tipo o avião vai sair ou eu vou emagrecer sem esforço ou os homens vão mudar e as mulheres  serão mais despreendidas (quase apaguei esta num ato legítimo de me enganar), 4, cansada de não ser tratada bem (ESSA EU FALO ASSIM COM MUITA VONTADE), EU NAO quero mais não ser tratada bem, sou legal, querida e com um certo grau de articulação de pensamentos e expressão de sentimentos (adorei essa sinceridade semi-modesta!!!),. Então, exceto em ocasiões em que eu cometa uma injustiça ou grosseria, não aceito mais.que faltem com respeito ou me tratem indelicadamente. 5, cansada de várias pequenas coisas que to cansada agora para descrever... mas são bem chatas e cansativas.
O tempo também tem me motivado para algumas coisas (estou querendo dizer que nao estou só cansada) Mas não vou ser desonesta conosco  e escrever isso agora, porque a motivação sincera deste texto foi  falar de coisas que me estão cansando. To chateada, porque não gosto de estar cansada assim. Me tira a energia, me entristece um pouco. Mas, declaro que há uma satisfação interior da dignidade que a honestidade me traz. Como diz a expressão criada em conjunto com um amigo querido: Há um “susseguinho” na escolha de ser eu mesma. Espero estar sendo sincera.