Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

Mario Quintana

domingo, 31 de outubro de 2010

Eu teria tanto, tanto pra falar aqui que não falarei nada. Porque simplesmente não cabe... ha algo faltando no texto que escrevi anteriormente, mas não vou forçar e tambem nao não vou apagar... quando eu descobrir, se é que eu vou descobrir o que falta, conto a vocês...

sábado, 30 de outubro de 2010

texto atrapalhado

nem sempre se está inspirado pra escrever.
hoje, por exemplo to com a sensação que tenho algo pra falar, mas não sei o que é, coisa irritante.
to aqui escrevendo porque acho que tenho que fazer isso, mas aparentemente nada específico pra dizer... o que vem primeiro éeee, hummm...
Tive boas noticias no trabalho sexta-feira, reconhecimento profissional sempre é bom. Voltei de uma viagem estressante de trampo e recebi um retorno bacana do chefe. Ai, alivio, isso eu to fazendo direito. E não é que eu tive essa expressão na frente do chefe? De puro alívio. Quando ele me elogiou e me propôs um retorno concreto eu falei: ai que alivio! Depois pensei; ele deve ter me achado louca. Antes de agradecer, de falar um pouco do que tem sido os meses de trabalho, dei um suspiro como se um peso imenso saísse das minhas costas. LOKA. Mas o suspiro foi isso, foi pensar: oks Bia, nessa área da sua vida tudo ok, continue se dedicando nessa direção que parece que é por aí mesmo.

Digo nessa área, porque ultimamente to meio atrapalhada. Simmm mais atrapalhada do que de costume. Até pra relacionamentos mais intímos, por exemplo, to atrapalhada. Não sei como fazer determinadas coisas... não quero magoar, mas não quero dizer sim, não quero dizer não... Sabe quando a gente ta afim de só fazer e depois não pensar muito? Pois é, sei que não pode muito porque a gente não ta só. Afinal de contas me relaciono com o outro e não com meu alterego. Mas to assim, quero sair fazendo, quero estar, não quero estar, quero conversar, não quero conversar.

To querendo o que é fácil, quero relações fáceis, coisas simples, quero parar de prestar atenção no tempo, quero o tempo passando sem perceber. Eu sei que quando não noto que o tempo passa, eu estou serena. Meu amigos me dão isso, minha sobrinha me dá isso, parceria me dá isso... adorooooo. Adoro, por exemplo, o fato de ser sábado, 6 da tarde, e estar achando que tenho pouco tempo pra fazer coisas boas, porque estive com quem eu quis no momento em que eu quis e o tempo voou!
Adoro saber que tenho planos pra amanhã e depois e que não quero que o fim de semana e o feriadão acabem.
Sei que a vida pra mim acontece quando não me preocupo com o passar das horas... quando eu mesma sou meu tempo. As semanas não tem sido simples, e depois de passar dias e dias na tortura da passagem de cada minuto, depois de algum tempo, pela primeira vez hoje volto a me supreender com o tempo que não vi passar. E então posso dar novamente um suspiro de alivio pra dizer: ufaaa, no que diz respeito ao resto da minha vida, pode ser que seja por aí também... pelo menos por um tempo

domingo, 24 de outubro de 2010

incongruências

de vez em quando acho que passou, de vez em quando dói pra caralho...
de vez em quando tenho boas lembranças, de vez em quando só lembro do que é ruim...
de vez em quando lembro, por horas esqueço completamente...
de vez em quando quero voltar atrás, depois tenho um desejo imenso de seguir em frente
de vez em quando tenho vontade de gritar, de vez em quando o silêncio é o que me salva
as vezes penso em quebrar pratos, as vezes quero a paz serena e o alivio do fim...
de vez em quando me arrependo, horas depois tenho orgulho
de vez em quando afasto alguem querido de mim, depois corro pro colo
as vezes acredito na declaraçao, na maioria das vezes, agora, tenho duvidado de todas
as vezes ocupo espaços, de vez em quando sou bem pequena
de vez em quando sou gentil, em outros momentos sou capaz de uma estupidez absurda...
de vez em quando sou eu, outras vezes sou eu também...

sábado, 23 de outubro de 2010

Eu só peço a Deus um pouco de malandragem

pedra ou vidraça

tem coisas que a gente aprende se separando de quem se ama/amou... uma delas é como as pessoas se movimentam...algunas movimentos so vao aparecer na hora de se despedir, de se cortar vinculos: nesse momento, você pode querer preservar o outro e fazer elogios a respeito de quem foi aquela pessoa pra você, você pode querer destuir o outro, você pode falar que o outro é surtado, você tambem pode sair se gabando dizendo que foi você quem deu um basta e tomara que a pessoa encontre um rumo e seja feliz, ou você pode ainda silenciar ou dizer que sente muito e lalalal... Certamente eu já fiz de tudo na vida... mas não fico bem quando tento diminuir minha responsa, desconstruindo o outro... Que tenhamos inteligência para sacar se em algum momento o que falamos e fazemos desrepeita quem foi uma escolha querida há tempos atrás. Porque no the end é isso que vale.
`Ser pedra é fácil, o difícil é ser vidraça...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Basiquinho

"O que me arrebata é capaz de deixá-lo insensível e vice-versa;
o que em você é inocência, em mim pode ser culpa e vice-versa;
o que para você não tem consequências pode ser a tampa do meu caixão".


(Kafka)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Carnudas, brancas, finas, pequenas, redondas, grandes, siliconadas.Bocas de todos os tipos. Boca de anjo. Boca de pai que aconselha o filho. Tem boca de mulher que questiona. Boca de criança cheia de sorvete. Boca de velho desdentado, mas tem boca de velho com dentadura.... Tem boca saudável e boca fedida. Bocas com cheirinho de morango, outras tantas cheirando a menta. Tem boca que jura amor eterno, tem boca que mente. Tem mente presa a uma boca beijada numa festa casual. Tem boca que dita leis e boca que desfere sentença. Tem boca amargurada. Tem boca seca de sede. Tem boca faminta. Tem boca que nunca provou um beijo. Tem boca que já nasce morta. Tem boca que morre sem pedir perdão. Tem boca que já esteve na lua. Tem boca que já comeu meleca. Tem boca que torce. Tem boca que nada quer.Algumas cantam, outras emudecem. Todas praguejam. (Alan Carfon)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Amor sem barraco não é amor

“Acabamos numa boa”, me diz a amiga W., uma das tantas moças de fino trato que me elegeram confidente. Tudo bem, sou todo ouvidos, escuto imperturbável e sereno como uma caricatura do doutor Sigmund Freud baforando o seu charuto.

Ela prossegue: “Sem drama mesmo, sabe?”.

Sim, sei, conta outra para ver se acredito.

“Nunca achei que fosse possível terminar de uma forma tão tranqüila e sem mágoas”, continua W. sem parar de falar, compulsiva, com sua narrativa sob suspeita.

Ah, conta outra, amiga, desconfio no meu inoxidável silêncio de ouvidor-geral dos corações aflitos.

A mulher com W maiúsculo, como naquela canção do Mundo Livre S/A, narra ainda: “Acabar assim é ótimo, agora temos toda a tranqüilidade para cuidar das coisas práticas sem aquela loucura no juízo”.
Na minha silenciosa caixola de confidente, agora toca baixinho outro refrão: “Que mentira, que lorota boa”. Essa é do Luiz Gonzaga, um clássico – não sei pensar sem fundo musical, mania antiga, caro(a) leitor(a).
Ela fala mais que o homem da cobra, um Pentecostes de conversa, sempre com a mesma tese: acabamos numa boa, numa “nice”. Conta outra, minha querida, pensa que eu nasci ontem e de sete meses?
Ah, toda vida que alguém me conta que pingou o ponto final em um relacionamento sem as dores de sempre, ligo o botão de todas as dúvidas e suspeitas.
O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.
Nem no Crato, Brumadinho, Mimoso ou Estocolmo, na Suécia.
Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever o “the end” com o dedinho no gelo sem uma quebradeira monstruosa.
Fim de amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais estava.
O mais frio, o mais cool dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I Am Human, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim. O mais relaxado dos latinos se acaba no bolero de Bienvenido Granda, com suas angústias e perfumes de gardênias. O mais zen dos brasileiros acaba com os mananciais da água que passarinho não bebe. E tome Roberto, Waldick ou Chico Buarque, no caso dos mais finos.
O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.
O fim do amor exige uma viuvez, um luto, não pode simplesmente pular o muro do reino da Carençolândia para exilar-se, com mala e cuia, com a primeira costela ou com o primeiro traste que aparece pela frente.
Acabar numa boa é como nada tivesse havido. Conta outra que só acredito no amor dos corações em permanente barraco.

(Xico Sá)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Enfim a novidade vai libertar

Hoje eu descobri uma coisa que eu não conhecia. Nao que eu já nao conhecesse o que descobri, mas sabe quando um lado aparece sob uma nova luz? Na real nao foi o lado que apareceu mas eu que passei a focar luz nesse lado e passei a olhar.
Fiquei chocada com a novidade? Nao, me choquei comigo. Com a minha demora em perceber que aquilo daquele jeito tava ali o tempo todo, as vezes extamente do jeitinho que eu vi hoje. Extatamente daquele jeito.
A gente é assim. Eu sou muito assim: quando eu não quero eu não vejo, e quando eu vejo muitas vezes ja é tarde... eu ja me perdi. Antes me fazia bem, de repente é venenoso. O remédio que cura tambem pode matar.
Mas hoje eu tambem me achei porque a verdade liberta, nem sempre é agradável, mas liberta.
È como se um peso imenso fosse se diluindo com a dor e como se a vida tivesse a possibilidade de um novo começo
O melhor é que passado horas, eu começo novamente a saber quem eu sou. E ja sei que nao sou mais louca porque so vi hoje, e já sei que nao exagerei quando vi o que de fato vi e ja sei que vai passar o mal estar e já sei principalmente que eu não preciso mais me desculpar por isso. Cada um que se responsabilize pelo o que vê e pela mascára com a qual quer aparecer.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

bar ruim é lindo, bicho

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de 150 anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de 150 anos, mas tudo bem). No bar ruim que ando freqüentando nas últimas semanas o proletariado é o Betão, garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas acreditando resolver aí 500 anos de história. Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura. "Ô Betão, traz mais uma pra gente", eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte do Brasil.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte do Brasil, por isso vamos a bares ruins,que tem mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gateau e não tem frango à passarinho ou carne de sol com macaxeira que são os pratos tradicionais de nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gateau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda. A gente gosta do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne de sol, a gente bate uma punheta ali mesmo.

Quando um de nós, meio intelectuais, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectual, meio de esquerda freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim. Porque a gente acha que o bar ruim é autêntico e o bar bom não é, como eu já disse. O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias
mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e nesse ponto a gente já se sente incomodado e quando chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual, nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e universitários, a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevete e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.

Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantém o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam em 50% o preço de tudo. Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato. Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se fodem, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse
algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão brasileira, tão raiz.

Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda, no Brasil! Ainda mais poque a cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gateau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda, como eu que, por questões ideológicas, preferem frango a passarinho e carne de sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca mas é como se diz lá no nordeste e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o nordeste é muito mais autêntico que o sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é mais assim Câmara Cascudo, saca?).

-- Ô Betão, vê um cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?

(Antônio Prata)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

travas do ser humano

Ai dos tímidos que se encolhem aos abraços, que aguejam emoções e palavras e que ruborizam as mais óbvias trivialidades!
Ai dos rígidos  de coração  que nem tentam explicar o que nem sabem o que sentem!
Ai dos cimentados de corpo que nunca pularam de alegria ou no carnaval e que escondem embaixo da cama a sua tosca e fosca sensualidade nunca vivida!
Ai dos aparentemente insensíveis, eles próprios uma chaga viva de suas dores mais doídas!
Tende compaixao de nós, tende piededade! Rogai por nós! Ai de nós!